segunda-feira, 28 de maio de 2012

Saúde

Principal causa de cegueira em pessoas acima de 55 anos, lesão na área central da retina atinge mais de 30 milhões de pessoas em todo o mundo

Cerca de 4 mil pacientes já foram beneficiados com o programa pioneiro para o tratamento da degeneração macular relacionada à idade (DMRI) desenvolvido no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). Trata-se da aplicação de injeções intraoculares da substância ranibizumabe para usuários afetados pela doença.

A degeneração macular é uma lesão que acomete a mácula, uma pequena área no fundo do olho na porção central da retina, causando perda ou embaçamento da visão central, enquanto a periférica permanece intacta. Principal causa de cegueira em pessoas acima de 55 anos, ela atinge mais de 30 milhões de pessoas em todo o mundo.

“O tratamento é o que há de mais recente na medicina e atende a cerca de 120 pessoas afetadas pela degeneração macular a cada mês", afirma a médica Ana Paula Furtado Tupynambá, chefe da Unidade de Oftalmologia do HBDF. Segundo ela, o programa da Secretara de Estado de Saúde é referência no Brasil e no mundo e demostra que a rede pública local pode ter serviços gratuitos de excelência.


Medicamento Ranibizumabe é distribuído
gratuitamente. Renata Sousa - SES/DF

Os pacientes são atendidos todos os meses no ambulatório específico de degeneração macular no Hospital de Base. Para receber o tratamento, o usuário deve preencher alguns critérios e ser inserido no protocolo estabelecido e aprovado pela Secretaria de Saúde. A marcação é feita por meio do Sistema de Regulação (Sisreg). O acompanhamento acontece toda quarta-feira, a partir das 13h.
O serviço, implantado em 2009, é pioneiro nesse tipo de tratamento oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Além do Distrito Federal, o serviço é disponibilizado apenas pelo Hospital das Forças Armadas (HFA), em Belo Horizonte e em Belém do Pará.

O medicamento usado pelo HBDF é o Ranibizumabe, que é uma parte de um anticorpo. O remédio se liga a uma proteína que está presente na retina (parte de trás do olho sensível à luz). O tratamento reduz o crescimento e o vazamento de novos vasos no olho, processos anormais que contribuem para a progressão da forma úmida da degeneração macular relacionada à idade. O medicamento é administrado pelo oftalmologista no centro cirúrgico como uma injeção no olho (intravítrea) sob anestésico local.

Recuperação

O morador da Gama Francisco de Souza Brito, 72 anos, faz tratamento há seis meses no HBDF. Já recebeu cinco injeções e acredita que recuperou cerca de 70% da visão do olho direito. A função do olho esquerdo ele já havia perdido quando chegou ao hospital devido à DMRI.

Francisco Brito durante consulta. Melhora de 70% da
visão após o início do tratamento. Renata Sousa - SES/DF
“Nem sabia que existia esse tratamento”, relata, explicando que teve conhecimento do serviço por meio de um médico, amigo da família. Segundo sua filha Eliane Brito, que o acompanhava na consulta, “ele não conseguia nem mesmo sair de casa,  ver televisão , caminhar sozinho, fazer pequenas coisas e se integrar socialmente com as pessoas tal o grau de transtorno causado pela doença”.
Idade
Algumas pessoas idosas desenvolvem a degeneração macular como parte do processo natural de envelhecimento do organismo. Os dois tipos mais comuns de degeneração macular ligada à idade são a “seca”, também chamada atrófica, e a “úmida”, também chamada exsudativa.

A DMRI exsudativa é a forma grave da doença e progride mais rápido do que a forma seca. Apesar de representar apenas 10% do total de pacientes com degeneração macular, a forma exsudativa é responsável por 90% das cegueiras causadas pela doença e podem rapidamente levar ao comprometimento da visão. A maioria dos pacientes apresenta perda grave da visão dentro de poucos meses a dois anos, após serem diagnosticados com a doença.

A perda da visão central pode prejudicar atividades como a leitura ou dirigir um carro. Com a progressão da perda visual, o paciente precisa de ajuda para desempenhar atividades da vida diária como fazer compras, cozinhar, utilizar o telefone ou atravessar a rua.
Fatores de risco
Apesar de os pesquisadores ainda não terem definido exatamente todos os processos envolvidos na origem da DMRI já é possível identificar alguns fatores que podem colocar a pessoa em maior risco de desenvolver a doença. O principal fator de risco é a idade. De acordo com algumas estimativas, 25% das pessoas entre 65 e 74 anos têm DMRI ou possuem risco elevado de desenvolver a doença. Entre as pessoas com 75 anos ou mais, 33% têm DMRI.

O fator genético também é muito importante. Pesquisas indicam que pessoas com história familiar de DMRI têm risco maior, o que sugere que alguns casos de DMRI são hereditários.                              

Outros fatores ambientais e comportamentais que podem estar relacionados e estão sendo estudados: tabagismo, exposição à fumaça do cigarro (fumante passivo), gordura na dieta e superexposição aos raios ultravioletas.

Por: Hugo Mendes e Cláudia Cunha

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