quinta-feira, 10 de maio de 2012

Cultura

Pode ou não pode?
Participação de transexuais em concursos de beleza femininos vem causando polêmica mundo afora. Mulheres são contra

Desde que a organização do Miss Universo  anunciou, no dia 10 de abril, que transexuais teriam direito de participar do tradicional e principal concurso de beleza feminina do mundo, uma enorme polêmica a respeito da decisão começou a ser levantada em todos os cantos do planeta.

Para a maioria das mulheres que participam e acompanham o evento, a decisão está beneficiando apenas as transexuais, e não toda a classe feminina como os organizadores disseram. Na visão delas, uma vez que o programa determina uma série de exigências para que se possa participar - como não ter gerado filhos, não ter sido casada, entre outros - fica evidente que o Miss Universo é um concurso voltado para as mulheres.


Platini defende a igualdade de direitos
 entre todos. Crédito: Divulgação

Para a jornalista Wanúbia Lima, editora de Moda do jornal Brasília Capital, o assunto esbarra no medo da população de opinar sobre um tema tão polêmico quanto esse. “Existe hoje uma hipocrisia muito grande quando falamos de assuntos que envolvem homossexuais e afins. As pessoas, principalmente as autoridades, têm medo assumir uma posição contrária à da classe LGBT e serem acusadas de homofobia”, relata Wanúbia.


Defensora de classes menos favorecidas, como o grupo de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais de Brasília (LGBT), Wanúbia discorda da classe quanto à participação nos concursos femininos. Algo que, para ela, não se pode conquistar em uma clínica médica. “Defendi a classe em vários assuntos de repercussão nacional, como o casamento gay. Mas, quanto a questão do Miss Universo, acredito que seja uma afronta a classe feminina de direito. Pois a genética de cada um é o que define o poder de participar no concurso”, disse.

Na visão de Michel Platini, presidente do grupo Estruturação – representante do grupo LGBT em Brasília –, a polêmica não tem sentido algum. “Não estou entendendo o porquê disso tudo. A participação dos transex no Miss Universo está apenas igualando os direitos de toda a classe feminina, uma vez que elas são reconhecidas legalmente como mulheres”, afirma.

Para ele, as regras devem continuar as mesmas.  “Quem participa do evento, independente de ser Transex ou não, precisa cumprir as exigências da organização. Essa é mais uma prova de igualdade de expressão e de direitos adquiridos pelo nosso grupo. Não queremos regalias. Apenas direitos iguais”, conclui.

Entenda o caso

Jenna Talackova, transexual canadense
que deu origem a toda essa polêmica.
Crédito: Associated Press
A polêmica começou após a desclassificação de Jenna Talackova, finalista do Miss Universo – Canadá. A participante foi excluída do concurso depois que os jurados descobriram que ela havia nascido homem e mudado de sexo em 2010. A organização do evento sofreu muitas críticas e inúmeras campanhas contra a decisão foram iniciadas em todos os cantos do mundo. Semanas depois, a direção do concurso voltou atrás, liberou a participação de Transexuais, e disse que o Miss Universo se esforça para promover a igualdade entre todas as mulheres.




Fala, povo!

O que você acha da participação de transexuais no Miss Universo?

Monique Freitas (21 anos) – Taguatinga Norte

“Não sei dizer se é bom ou ruim, mas que é esquisito isso não tenho dúvidas. Imagina só uma Transexual, que geneticamente é um homem, vencendo o concurso feminino? Estranho demais”.

Lennon Pessoa (32 anos) – Taguatinga Norte
“Sem preconceito nenhum, acho que isso é uma sacanagem. Atitudes como essa, só fazem com que as pessoas sejam mais resistentes ainda a aceitar tais coisas. Pois nos fazem aceitar sem ao menos podermos expressar nossas opiniões”.

Mariza Tavares (36 anos) – Águas Claras
“Acho legal pelos Transexuais, mas não posso deixar de dizer que para a classe feminina que participa dos concursos deve ser ruim. Para nós que vemos de fora já e complicado formar uma opinião, imagina quem está lá dentro? Se fosse para eu decidir, não liberaria a participação”.

Roseli Soares Lima (27 anos) – Núcleo Bandeirante
“Acho uma falta de sensibilidade. Que criem um concurso para que todos possam participar. O Miss Universo é estritamente feito para as mulheres. Seria melhor se eles revissem algumas sanções em vez de liberar a participação de Transex”.

Thalles  Matos (29 anos) – Núcleo Bandeirante
“Legal demais. A prova de que uma Transexual tem condições de vencer o concurso aconteceu no Canadá. Quem se posiciona contra, deve morrer de medo de uma Transex vencer o Miss Universo”.


Por: Hugo Mendes e Cláudia Pereira

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