segunda-feira, 4 de junho de 2012

Economia

Rio+20: Cooperativas mostram a sociobiodiversidade da Mata Atlântica
Na programação paralela da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - a Rio+20, produtores de todos os biomas brasileiros apresentarão produtos tradicionais

O Programa Mercado Mata Atlântica vai levar representantes de 16 cooperativas e associações cadastradas para expor e comercializar artesanato, alimentos e cosméticos sustentáveis oriundos do bioma para a Praça da Sociobiodiversidade, que funcionará durante a conferência, que será realizada de 13 a 22 de junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro.

O programa foi criado em 2006 e é coordenado pela Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA).  A rede de produtores promove o desenvolvimento com base na sustentabilidade, o comércio justo e solidário, e ainda busca aproximar quem faz de quem compra, estimulando o consumo responsável.

 “Os produtos que estarão expostos têm grande apelo no comércio sustentável, pois tem grande valor agregado e designer atrativo. É um tipo de artesanato funcional, decorativo com possibilidade de uso prático”, ressalta Marcéu Pereira, coordenador do Programa.

“Homens e mulheres de fibra”
Em Alagoas, mais precisamente no município de União de Palmares, residem 25 famílias que compõe a Associação dos Artesãos do Povoado de Jacinto – A Zumbanarte.  A primeira parte da sigla remete a Zumbi, importante líder do Quilombo de Palmares, na Serra da barriga, local onde buscam a matéria-prima. Em seguida, faz referência à banana – fonte primária do artesanato deles. E, por fim, à arte propriamente dita.

O convite para expor na Rio+20 funcionou como uma injeção de ânimo para os associados pois, em 2010, União dos Palmares e municípios vizinhos foram atingidos por uma grande enchente. Com isso, a Zumbanarte perdeu cerca de 80% de sua produção. “Se não fosse a enchente, estávamos mais estruturados. Tínhamos muitas encomendas e condições de aumentar a produção, mas não desistimos não”, relembra Silva.

A folha e a palha da bananeira, anteriormente considerada lixo da produção da banana, hoje, transforma-se em bolsas, pastas, porta-documentos, porta-retratos, papel artesanal, caixas para presentes e uma infinidade de peças que serão comercializadas na conferência. “Participar de um evento deste porte nos dá condições de vender, fazer boas parcerias, e quem sabe levar nossa arte para outros países”, comemora o presidente da associação Geovane Gomes da Silva.
 
Com oito anos de existência, a Zumbanarte, é filiada ao Programa Mercado Mata desde 2007. “A parceria com o programa capacitou e estruturou a associação, divulgou nossos produtos e nos levou para comercializar em vários estados do Brasil. Foi muito proveitosa”, comemora o presidente da associação.

Silva foi o primeiro homem a compor a Zumbanarte. “No inicio eram três mulheres que viram na TV o artesanato feito com a fibra da bananeira. Elas sabiam que aqui do lado, no quilombo, havia muita matéria-prima, então resolveram fazer. E fizeram, venderam, fizeram mais, venderam mais. Então comecei ajudá-las, gostaram do meu trabalho e estou aqui até hoje”, rememora.

A força feminina está presente também no município de Santa Cruz Cabrália, na Bahia, a 855 km de União dos Palmares. Lá, vinte baianas formam a Associação de Mulheres Artesãs do Povoado de Ponto Central e, desde 2005, produzem artesanato à base da fibra da piaçava e do buriti.

Essas baianas levarão seus produtos para a Rio+20. Souplasts, bombonieres, bolsas, bandejas e porta-objetos variados vão ser alguns dos destaques do estande das artesãs de Ponto Central. Jeane Ferreira Santos, que preside a associação, está animada. “É uma satisfação enorme para nós participar da conferência. Já aumentamos a produção e esperando vender tudo lá”, comemora a presidente da associação.

O modo de produção com foco na preservação do meio ambiente é presença constante no cotidiano da associação. “No trabalho nós usamos cada centímetro da fibra da piaçava, não desperdiçamos nada, para que nunca falte matéria-prima”, explica a presidente.

Por: Sandra Cecília

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